Grupo de pesquisa ligado à linha de Comunicação e Política do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná.

Presidente do TSE abre Seminário Internacional sobre Sistemas Eleitorais

Ministro Gilmar durante abertura do Seminário Internacional sobre Sistemas Eleitorais

Teve início na tarde desta segunda-feira (20), no Salão Nobre do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o “Seminário Internacional sobre Sistemas Eleitorais – Contribuição internacional para a reforma política no Brasil”. Além de juristas do TSE e do Ministério Público Eleitoral (MPE), também participam do evento parlamentares brasileiros, membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e estudiosos do assunto vindos da Alemanha, França, Estados Unidos, Portugal, Bélgica, Holanda, México e Espanha. O seminário conta, ainda, com autoridades do Instituto Internacional para Democracia e Assistência Eleitoral (Idea) e da Fundação para a Análise e Estudos Sociais (Faes).

Na abertura do evento, o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, disse que a programação visa traçar um panorama atual dos diversos sistemas eleitorais do mundo, por meio do compartilhamento de experiências acadêmicas e políticas, a fim de se propor uma reflexão acerca das características de cada sistema. “Este evento é uma oportunidade de trazermos à luz diversas nuances que envolvem cada modelo, não apenas quanto ao seu desenho formal, mas também, e, principalmente, quanto aos aspectos práticos que marcam o processo de composição política dos mandatos, com todas as suas consequências para a vida pública de um país”.

O ministro destacou a emergência do debate em torno da reforma política no Brasil. “Há o consenso hoje de que se precisa reformar o sistema eleitoral brasileiro e o debate sobre esse tema envolve questões relevantes para o país, colocando-nos diante do desafio da escolha dos melhores caminhos. Eleições majoritárias, proporcionais e mistas, financiamento de campanha, legitimidade eleitoral, obrigatoriedade do voto e cláusula de barreira são alguns dos aspectos a serem avaliados nessa definição do sistema de representação a ser adotado”.

Ele lembrou o papel da Justiça Eleitoral nessa discussão, como Tribunal da Democracia. “A Justiça Eleitoral do Brasil tem o compromisso de sempre buscar fortalecer o processo democrático. E a presença de representantes de tantos países neste evento é fundamental para aportar dados e reflexões, e aprendermos com as experiências de outros sistemas eleitorais”, ponderou.

Congresso Nacional

O presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, senador Eunício Oliveira (PMDB/CE), compôs a mesa de abertura do seminário e falou logo após o ministro Gilmar Mendes. Para ele, o evento constitui relevante oportunidade de se compartilhar experiências com outros modelos de sistemas eleitorais e, assim, assimilar, refletir e debater a incorporação de algum deles que possa contribuir para o desenvolvimento da democracia brasileira.

O senador reconheceu a importância de assegurar a fidelidade da representação popular no Poder Legislativo, tendo em vista a atual crise da democracia representativa. “Acredito que haja relativo consenso sobre o descompasso que se observa hoje entre os dois movimentos-chave da democracia representativa: o momento eleitoral em que os candidatos apresentam as suas propostas e, ao final do escrutínio, em relação à escolha popular, o voto dos eleitores e o que eles esperavam ter aclamado”, declarou.

Eunício Oliveira informou que o Congresso Nacional ainda não tem uma proposta concluída para os termos da reforma, e que esse entendimento deverá ser discutido com a sociedade e as instituições. “Temos consciência que esse debate precisa ser realizado e efetivado, se possível ainda em torno de um projeto que una não apenas a política, mas também o sentimento dos eleitores do Brasil”.

O princípio da anualidade, que prevê que inovações na legislação eleitoral só entram em vigor um ano depois de aprovadas, foi lembrado pelo presidente do Senado Federal. Ele se comprometeu a trabalhar para que a reforma política seja debatida, votada e aprovada com vistas às Eleições Gerais de 2018. “O Congresso Nacional está aberto e pronto para esse debate, e com disposição de alterarmos, se possível, essas leis até o mês de setembro. Portanto um ano antes [das eleições], como determina a lei eleitoral brasileira”.

Idea

O primeiro painel do Seminário Internacional sobre Sistemas Eleitorais foi inaugurado com a palestra do secretário-geral do Idea, Yves Leterme. Durante a explanação, ele falou sobre o papel das eleições para democracias, fez a revisão dos prós e contras dos tipos de sistemas eleitorais conhecidos e, por fim, sugeriu princípios básicos de processos de reforma eleitoral como condicionantes das práticas eleitorais bem-sucedidas, baseado nas experiências do Idea no mundo.

Segundo Leterme, o seminário é a verdadeira representação do que o Idea chama de o “valor da adesão” de seus Estados-membros. Isso porque o Instituto visa ser um parceiro de seus membros, auxiliando-os com os meios necessários para ter acesso às boas práticas da construção democrática que possam ser úteis em seus próprios processos de reforma. Ele ressaltou que o Idea busca atuar de forma colaborativa e não impositiva. “Não estamos aqui para ensinar como as coisas devem ser feitas. Todos os Estados-membros podem aprender um com o outro, sejam eles africanos, europeus, norte-americanos ou latino-americanos”, declarou.

Em seus 21 anos de fundação, o Idea conta com 31 países-membros incluindo o Brasil, que, junto com o Benin, foram as duas últimas adesões, em 2016. A organização apoia mudanças democráticas sustentáveis por meio da disseminação de conhecimento comparado, assistência a reformas democráticas – com foco em sistemas eleitorais – e influência de políticas e legislação, em assuntos como partidos políticos e representatividade em governos democráticos.

Programação

No segundo painel foi discutido o tema “Brasil: lista aberta, fechada ou mista”. Participaram o ex-presidente do TSE e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli, o professor Antonio Lavareda, o deputado Vicente Cândido, o membro do Parlamento de Portugal Miguel Relvas e o professor belga Frédéric Bouhon. A ministra Luciana Lóssio foi a moderadora.

Com o tema “Brasil: cláusula de barreira e coalizão”, o ministro do TSE Henrique Neves moderou o Painel 3, que contou com a colaboração do senador Antônio Anastasia, do representante da Holanda Hendrik van der Kolk, do magistrado do Tribunal Eleitoral do Poder Judicial da Federação do México Luis Vargas Valdés e do membro do Conselho de Estado da França Yves Gounin.

Já o painel “Brasil: reflexos financeiros dos modelos de sistemas eleitorais”, que ocorre neste momento, tem como participantes os professores Humberto Bergmann Ávila e Everardo Maciel, o diretor espanhol da Fundação FAES Javier Zarzalejos e o presidente do INE do México Lorenzo Córdova. O debate está sendo moderado pelo ministro do TSE Tarcísio Vieira.

A palestra do representante do Idea para a América Latina e Caribe, Daniel Zovatto, encerrará o primeiro dia de seminário.

Segundo dia  

Nesta terça-feira (21), os debates serão realizados na Câmara dos Deputados e terão início às 8h30. A sessão de abertura contará com a participação do presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, e do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia.

Às 8h40, Yves Leterme, do Idea, fará novamente a palestra inaugural e em seguida, às 9 horas, terá início o Painel 1 com o tema “Brasil: voto distrital, proporcional ou misto”. Farão parte desse debate o membro do Conselho de Estado da França Yves Gounin, a especialista americana em Direito Eleitoral Tova Wang e o deputado Marcus Pestana, sob moderação de Daniel Zovatto, do Idea.

No segundo painel, às 10h30, o especialista da Bélgica Fréréric Bouhon, o presidente do INE do México Lorenzo Córdova, o deputado Vicente Cândido e o membro do Parlamento de Portugal Miguel Relvas tratarão do tema: “Sistemas de lista fechada, lista aberta ou mista”. O ministro do TSE Henrique Neves será o moderador.

No final da manhã, às 12 horas, o deputado Lúcio Vieira Lima vai moderar o Painel 3 sobre “Cláusula de barreira e Coligações eleitorais”. Participarão do debate a deputada Renata Abreu, o magistrado do México José Luis Vargas, o representante da Holanda Hendrik van der Kolk e o diretor espanhol da Fundação FAES Javier Zarzalejos.

O encerramento do evento ocorrerá às 13h30 e novamente contará com a participação do ministro Gilmar Mendes, do presidente da Câmara Rodrigo Maia e de Yves Leterme.

RG/JP

Gestor Responsável: Assessoria de Comunicação +

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral