Grupo de pesquisa ligado à linha de Comunicação e Política do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná.

Peruanos vão às urnas domingo e podem ter a primeira presidente mulher

LIMA, 12 DE MAYO DEL  2004 VISTA DE LA FACHADA DE LA OFICINA DE SUPERINTENDENCIA DE ADMINISTRACION TRIBUTARIA. FOTO: LINO CHIPANA / EL COMERCIO

O Peru escolhe a nova ou o novo presidente no domingo em um pleito que pela primeira vez pode ter como resultado uma mulher na cadeira presidencial. No entanto, as chances de segundo turno são altas. As pesquisas indicam como favorita Keiko Fujimori, 40 anos, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, atualmente preso. Dez candidatos estão na disputa e se mantiveram no pleito abaixo de uma lei eleitoral rigorosa. A nova lei do Congresso prevê a eliminação dos políticos que receberem doações. Nove aspirantes, dois dos quais tinham bom desempenho nas pesquisas, ficaram pelo caminho dos 19 postulantes. No total, 23 milhões de peruanos estão habilitados a votar. Também serão eleitos os 130 parlamentares que integram o Congresso unicameral.

Keiko Fujimori, do partido Força Popular (direita), lidera com 35% dos votos, o que já garante o segundo turno em 5 de junho caso nenhum dos candidatos atinja 50%. A liderança da filha de Fujimori na preferências do eleitorado se deu do início ao fim da campanha nesta sexta-feira. Na disputa por chegar ao segundo turno, estão a jovem Verónika Mendoza, de 35 anos, Frente Ampla (esquerda), e Pedro Pablo Kuczynski, do Peruanos por el Kambio (centro), ambos aparecem empatados tecnicamene em segundo lugar com 15%. Mendoza, educada na França, é um rosto novo e representa uma proposta econômica alternativa, uma novidade em um país que nos últimos anos priorizou a economia de mercado. Aluno aplicado e empreendedor, o investidor Kuczynski está com 77 anos e foi primeiro-ministro entre 2005 e 2006. Recentemente foi vinculado ao caso #panamapapers por ter assinado uma carta de recomendação de Francisco Pardo Mesones, ex-diretor do Banco Central de Reserva do Peru. O documento teria servido a Pardo Mesones para criar uma empresa offshore no Panamá.

 Economia peruana

Com uma taxa de crescimento médio anual de mais de 6% entre 2006 e 2013, o Peru se converteu em uma das economias mais fortes da região, cujo modelo foi elogiado por organismos financeiros internacionais. Rico em recursos de mineração, o país se situa entre os cinco maiores produtores mundiais de ouro, prata, cobre, zinco, estanho e chumbo. Com o fim da bonança das commodities, a economia desacelerou e registrou um crescimento de apenas 2,4% em 2014 devido às quedas na mineração e pesca, outro setor-chave. Mas um bom cenário para suas exportações não tradicionais, as receitas de novos projetos de mineração e uma boa temporada pesqueira permitiram superar as expectativas e anotar uma expansão de 3,26% em 2015. Apesar da trajetória de crescimento, o Peru ainda tem 22,7% de sua população vivendo na pobreza, segundo dados de 2014, embora tenha havida uma melhoria na situação de 58,7% em comparação há dez anos atrás. O Peru é um país altamente empreendedor. As pequenas, micros e médias empresas empregam 80% da força de trabalho. Há acentuada desigualdades entre as divisões sociais, étnicas e geográficas, com a população rural nos Andes particularmente marginalizada.

A sombra de Alberto Fujimori

A eleição no Peru não conta com nenhum candidato garantido na chegada à presidência por mais favorito que possa estar nas pesquisas. Exemplo foi o escritor e Prêmio Nobel de Literatura, Mario Vargas Llosa, que nas eleições de 1990 era o grande favorito ao longo da campanha e se viu superado no segundo turno por um agrônomo desconhecido e de origem japonesa: Alberto Fujimori. Graças ao apoio das camadas mais pobres e das zonas ruais, Fujimori venceu com mais de 62% dos votos. Keiko não nega o legado de seu pai, o que vem causando repulsa em uma parte da sociedade peruana mais inclinada a uma postura moderna, democrata e independente. É difícil para a candidata se livrar da sombra populista e autoritária. Hoje com 77 anos, Fujimori cumpre uma pena de 25 anos por corrupção e crimes contra a humanidade. Ainda assim, o clã demonstra força junto às camadas mais pobres.

Parte dessa força remonta ao período em que o Peru viveu, entre 1980 e 2000, o terror da guerrilha. A disputa entre os grupos maoísta do Sendero Luminoso (SL) e guevarista do Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA) e o Estado deixou 70 mil pessoas mortas ou desaparecidas. Alberto Fujimori, filho de imigrantes japoneses, governou o país entre 1990 e 2000 e dizimou as guerrilhas. O governo foi marcado por má gestão, compra de políticos e meios de comunicação. No final, Fujimori teve de renunciar em meio a um escândalo de corrupção e se converteu no primeiro presidente peruano condenado por corrupção e crimes contra a humanidade pela autorização de esquadrões da morte.

Fonte: AFP e La Republica.pe.

Imagem: Lima, vista da fachada do Escritório de Superintendência de Administração Tributária. FOTO: LINO CHIPANA / EL COMERCIO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: AFP e La Republica.pe.

Imagem: Gestión.pe