Grupo de pesquisa ligado à linha de Comunicação e Política do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná.

Membros do CEL participam do livro “Fakecracia” e iniciam debate sobre a epidemia de notícias falsas na América Latina

 

 

Capa do livro "Fakecracia". Créditos da imagem: Amazon Kindle

Capa do livro “Fakecracia”.
Créditos da imagem: Amazon Kindle

As chamadas fake news – ou falsas notícias, quando traduzido para o português – não são um fenômeno restrito a dicotomia política esquerda-direita. Essas falsas informações, publicadas com a linguagem e a estética da verdade, recheadas de sensacionalismo, tem por único objetivo o prejuízo da imagem de candidatos políticos e a alienação da opinião pública em prol de determinadas ideologias partidárias. Diariamente, atores do cenário político são alvos de desinformações dos mais diversos tipos que, com o advento das mídias sociais, viralizam em questão de segundos em rede nacional.

Nas eleições presidenciais brasileiras de 2018, as fake news foram uma grande estratégia favorável à campanha política do atual presidente Jair Bolsonaro, na medida em que criaram um verdadeiro movimento virtual antipetismo, um sentimento de recusa do sistema político até então vigente no país.

O impacto da hegemonia das falsas notícias pode ser analisado na atual conjuntura do cenário político brasileiro diante da crise sanitária do coronavírus. Até a data de publicação desta matéria, o país totaliza mais de 2 milhões de infectados e soma 81.000 mortes por complicações da COVID-19. Enquanto isso, em mais de uma ocasião registrada pela imprensa, o presidente minimizou a pandemia, reduzindo-a apenas a uma “gripezinha” e “histeria coletiva”. Hoje, o Brasil é o segundo país com maior número de casos do novo coronavírus, perdendo apenas para os Estados Unidos.

Diante disso, surge a “fakecracia” – da união da palavra em inglês “fake news” e o sufixo derivante do grego “– cracia”, que significa política ou poder – e pode ser definida como um sistema ou regime de  influência das falsas notícias. No governo fakecrático, com apenas um clique ou o rolar de uma tela, a democracia passa a ser posta em risco por uma verdadeira epidemia de falsas notícias que assola na política partidária latina.

Em uma obra científica sobre o assunto, a editora Biblos (Espanha) lança o e-book em espanhol “Fakecracia”, assinado por Matías Ponce e Omar Rincón, e que conta com pesquisadores de toda a América Latina. O livro apresenta estudos realizados sobre a temática das fake news e o seu impacto nas escolhas políticas e na sociedade como um todo. A líder do grupo de pesquisa em Comunicação Eleitoral da UFPR, a profª Dra. Luciana Panke, em parceria com os pesquisadores Erivelto Amarante e Débora Milla, assinam o capítulo “Da mídia às redes: como Bolsonaro mudou as eleições no Brasil graças as falsas notícias”.

Débora Milla, que é mestranda em Comunicação e Política pela UFPR, ressalta o impacto negativo que as mensagens inverídicas podem ter nas campanhas políticas eleitorais. “[…] O crescimento do número de notícias falsas, a velocidade na qual estão sendo propagadas, a existência em diversos canais de comunicação e a dificuldade em contê-las está abrindo um debate de suas influências e futuras consequências nos resultados eleitorais. Nossa pesquisa se concentrou nas eleições presidenciais em 2018 no Brasil, período marcado por intensa polarização política e ataques em forma de mensagens mentirosas e boatos aos principais candidatos que concorriam”, comenta a pesquisadora da área de Publicidade e Propaganda, que também é membro do grupo de Comunicação Eleitoral da UFPR.

A publicação do livro é promovida pela Asociación Latinoamericana de Investigadores en Campañas Electolares (ALICE), uma organização que estuda os novos desafios enfrentados pela comunicação política e eleitoral.

Confira a sinopse traduzida do e-book abaixo:

“Milhares de notícias falsas circulam diariamente nas redes sociais. Mas o que acontece quando elas são usadas ​​para comprar decisões em campanhas eleitorais e na comunicação dos governos? Como o uso de notícias falsas explica a atual situação política na América Latina?

A resposta para essas perguntas está neste livro. Não há tempo para entender se algo é verdadeiro ou não, a ênfase está na informação, e especialmente no mensageiro, para nos seduzir.

As notícias falsas se movem rapidamente, penetram nos grupos do WhatsApp, contas do Twitter, Facebook e Instagram e, portanto, afetam os critérios que usamos para a tomada de decisões na democracia”.

O livro digital está disponível no Amazon Kindle Store e pode ser adquirido aqui.